Natural do Rio de Janeiro, Marisa Rezende cresceu envolvida pelos sons que pulsavam em sua casa. O pai, um autodidata que tocava piano de forma habilidosa, foi um de seus principais influenciadores.
Com apenas 3 anos, Marisa sentou-se em frente ao instrumento e tocou uma canção infantil, surpreendendo a todos. Segundo ela, “isso sem dúvida, é um presente que herdei de meu pai”, relembra a compositora (Programa Harmonia). Aos 5 começou a estudar piano com a professora Marieta de Saules, figura que marcou a compositora, principalmente no estímulo à disciplina.
Ficou fascinada com a parte teórica que envolvia os fundamentos musicais. Essa paixão levou Marisa para a universidade, ingressando no curso de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1962.
Nos primeiros anos de sua formação, se dedicou a buscar o motivo pelo qual determinadas sequências, movimentos e harmonias eram desaconselhados pelos professores. Antes mesmo de sua formatura, Marisa Rezende já se apresentava como solista ao lado da Orquestra Sinfônica do Recife. Seu caminho até a conclusão do curso, no entanto, foi sinuoso.
Marisa se casou e viveu por um tempo em Boston, nos Estados Unidos. Ao regressar ao país, viveu entre o Recife e o Rio de Janeiro, graduando-se mais de uma década depois do início de seus estudos, em 1974, na Universidade Federal de Pernambuco.
No ano seguinte, retorna para o Estados Unidos para concluir o mestrado em Piano, pela Universidade da Califórnia. Neste período Marisa inicia a contabilização oficial de suas obras com as peças: Trio para oboé, trompa e piano e Trio para violino, violoncelo e piano de 1976.
Ingressa na carreira de docente em 1978, na Universidade Federal de Pernambuco, instituição na qual permaneceu até 1987.
Em 1985 conclui o doutorado em Composição na Universidade da Califórnia e dois anos depois, começa a dar aulas na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Seu principal conselho aos jovens compositores é a busca constante por uma voz própria, uma voz que seja capaz de marcar sua identidade autoral.
Na UFRJ funda o grupo Música Nova, dedicado ao repertório nacional. Ao lado de Rodolfo Caesar cria também o Laboratório de Música e Tecnologia (LaMuT), que tem por objetivo o ensino e a pesquisa da música eletroacústica e a análise composicional. É uma das responsáveis pela criação, em 1988, da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (ANPOM). No início da década de 1990 parte para a Inglaterra para realizar sua pesquisa pós-doutoral na Keele University.
Compositora com um amplo catálogo de obras, Marisa Rezende é um exemplo de resistência diante dos apagamentos relegados às mulheres na escrita da história. Uma das indagações mais frequentes feitas a ela tem a ver, justamente, com os desafios de compor em uma sociedade patriarcal. “A luta da mulher compositora é a mesma luta da mulher em todas as posições da nossa sociedade”, afirma Marisa, que aponta ainda que “o crivo de severidade é ainda maior diante de obras de artistas mulheres” (FMCB 5).
Mesmo assim, a compositora vê com otimismo o espaço que vem sendo conquistado pelas mulheres não apenas na música, mas em diversos outros segmentos, ainda que as assimetrias não tenham desaparecido.
Marisa Rezende se aposentou em 2002 da vida acadêmica, mas não deixou de lado a produção musical e a pesquisa. Suas obras já foram executadas por grupos como a Orquestra Sinfônica Brasileira, o Lontano Ensemble (Londres) e o Da Capo Players (Nova Iorque).
A compositora já participou de inúmeros festivais e bienais no Brasil e no exterior como a Bienal de Música Brasileira Contemporânea (Rio de Janeiro), Sonidos de las Americas (Nova Iorque), Festival Brasilianischer Musik, em Karlsruhe (Alemanha) e o Festival Música Nova (São Paulo), idealizado por Gilberto Mendes.
Entre os prêmios recebidos se destacam o outorgado pela UCSB Music Affiliates (1984), pela peça Sexteto em Seis Tempos e a Bolsa Vitae de Artes (1999) para a produção da obra O (In)dizível, que estreou em 2003.
Pela valorosa contribuição de Marisa Rezende à cultura e à educação musical do país, o Festival de Música Contemporânea (FMCB), homenageou a compositora durante a sua 5° edição, realizada em 2018.
Fontes
Enciclopédia Itaú Cultural
Entrevista com Marisa Rezende FMCB 5
Musica Brasilis
Programa Harmonia
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