Egberto Gismonti – Dança das Cabeças é um dos grandes clássicos do FMCB

16 de novembro, 2021
Festival de Música Contemporânea Brasileira
João Donato e Jards Macalé concretizam parceria em “Síntese do lance”
28 de outubro, 2021
Festival de Música Contemporânea Brasileira
Festival de Música Contemporânea Brasileira anuncia nova data para a 7 edição
5 de janeiro, 2022

Na série “Grandes Sucessos do FMCB” iremos abordar os conteúdos mais visualizados em nosso canal no YouTube. Dando início ao projeto apresentamos a peça Dança das Cabeças de Egberto Gismonti.

Egberto Gismonti: um gigante da música brasileira homenageado pelo FMCB

O multi-instrumentista e compositor Egberto Gismonti foi homenageado pelo Festival de Música Contemporânea Brasileira em sua quinta edição, realizada em 2018, quando o festival também homenageou a compositora Marisa Rezende. Na passagem do músico pelos palcos de Campinas ele recordou a relação de proximidade com a cidade, que estabeleceu principalmente, através da amizade com o maestro Benito Juarez, ex-regente da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas (OSMC).

Gismonti também falou acerca da relação que estabeleceu com o público, dos caminhos percorridos por ele para construir melodias marcantes e potentes e das principais influências que marcam suas obras. Na ocasião o músico revelou que seu espírito foi tocado irreversivelmente pelo clássico de Guimarães Rosa, Grande Sertão Veredas, de tal modo que ele afirma que o livro o:

“estimula a pensar mais profundamente a música brasileira, o fato social brasileiro, o fato comercial brasileiro e as contradições políticas brasileiras”.

No festival o músico também apresentou uma versão solo para violão de 8 cordas de seu clássico Dança das Cabeças.

Breve abordagem sobre Dança das Cabeças

A obra Dança das Cabeças foi incluída no álbum homônimo que Gismonti lançou em 1977 ao lado do percussionista Naná Vasconcelos. O disco foi produzido pelo alemão Manfred Eicher e gravado pela ECM, na Noruega. “Dança das Cabeças” é a segunda faixa do álbum e originalmente conta com um conjunto sonoro de percussão, voz, flautas de madeira, berimbau e violão de 8 cordas.

A pesquisadora e professora do curso de Música da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), Bia Cyrino aponta que esta composição foi construída por “meio de seções contrastantes estruturadas por dois ‘temas’ principais”, onde o “tema A” é iniciado através de um “padrão idiomático no modo mixolídio realizado pelo violão” enquanto “tema B” violão e sintetizador criam uma homofônica para a seção.

Outro fator importante destacado por Bia Cyrino é o papel das manipulações sonoras realizadas em estúdio na faixa apresentada no disco, algo que desaparece em sua versão solo apresentada no FMCB. Segundo ela, é através das operações realizadas na mesa do estúdio que “um ou mais instrumentos ganham destaque, se justapõem e se alternam, tanto de forma gradativa como repentinamente”.

Estes sons que dialogam, se expandem e se diluem na gravação são segundo a pesquisadora, uma marca de seu tempo sentido através das tecnologias ali empregadas e que ajudaram a criar uma espécie de assinatura para outros trabalhos de Egberto Gismonti.

Por outro lado, em sua apresentação em Campinas, Egberto descortinou um fragmento íntimo de universo sonoro onde foi possível vislumbrar a virtuose instrumental através do dedilhar nas oito cordas e no uso do corpo do violão como elemento de percussivo. E se “o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando” como escreveu Guimarães Rosa, concluímos que as músicas mais fascinantes permanecem em constante mutação.

Assista à apresentação de Egberto Gismonti no FMCB

Egberto Gismonti interpreta Dança das Cabeças na quinta edição do FMCB

Para Saber Mais