Guinga e Aldir Blanc eternizaram em versos: “Hermeto foi na cozinha pra pegar o instrumental: do facão à colherinha tudo é coisa musical”. Chá de Panela, obra acima citada, é uma síntese da potência criativa do multi-instrumentista Hermeto Pascoal.
Natural de Lagoa da Canoa, no estado do Alagoas, Hermeto se entusiasmava com os sons que a natureza lhe entregava. Das águas aos frutos, dos materiais de trabalho de seu avô, que era ferreiro, às plantas e flores, tudo era música. “Meu primeiro instrumento não-convencional eram as coisas que eu achava no mato. O público eram os animais. Eu tocava no mato e os pássaros vinham me escutar” (G1).
Aos dez anos, empunhou o acordeon do pai, estabelecendo um elo de intimidade com o instrumento. Deste modo, passou a acompanhar o irmão mais velho, José Neto, nos bailes e festas de casamento.
Na adolescência, se muda com a família para o Recife e monta com o irmão e o conhecido acordeonista, Sivuca, um trio de sanfonas que passa a se apresentar na Rádio Jornal do Commercio.
Passa uma temporada em João Pessoa, atuando na Orquestra Tabajara, e depois, se muda para o Rio de Janeiro para trabalhar como instrumentista em emissoras de rádio. Em terras paulistas, se interessa pela flauta e passa a atuar em diversas casas noturnas.
Em meados da década de 1960 forma o Quarteto Novo, grupo integrado pelos músicos Heraldo do Monte, Theo de Barros e Airto Moreira. Em 1967 o grupo grava seu primeiro disco e participa do 3° Festival de Música Brasileira, acompanhando Edu Lobo e Marília Medalha, em Ponteio, composição vencedora da edição. Anos mais tarde sua curiosidade e o convite de Airto Moreira o levaram para os Estados Unidos.
É no hemisfério norte que grava o seu primeiro álbum solista e participa das gravações de muitas obras de outros artistas como Ron Carter, Chick Corea, Herbie Hancock e Miles Davis. Davis, um dos maiores nomes do jazz mundial, se encantou tanto com as habilidades sonoras do brasileiro que certa vez disse que se pudesse reencarnar, gostaria de voltar para a terra como “aquele albino louco” referindo-se a Hermeto Pascoal. (Revista Uai).
Nos primeiros anos da década de 1970 regressa ao Brasil. “Minha saudade do Brasil não dá para aguentar. Sinto falta de algo que não tem nome, mas sei que é do povo” (Revista Uai). Para marcar o regresso ao país grava o disco A Música Livre de Hermeto Pascoal.
O talento do autodidata unido à sua criatividade despertam grande interesse de artistas e festivais no Brasil e no exterior, sobretudo após a gravação de seu disco Slaves Mass.
Hermeto Pascoal é convidado a participar de festivais como o I Festival Internacional de Jazz (1978), em São Paulo, o Festival de Montreux (1979), na Suíça e o Live Under the Sky (1979) no Japão. Em 1995, o artista realizou uma apresentação no Sesc Itaquera, em São Paulo, utilizando instrumentos gigantes e no mesmo ano, a convite da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) tocou,com o seu grupo, para 2.000 crianças na cidade argentina de Rosário.
Em seu álbum Eu e Eles (1999) ratifica sua habilidade como multi-instrumentista, uma vez que toca todos os instrumentos presentes na obra. Em 1996 é publicado o livro Calendário do Som, onde o compositor fez uma composição por dia como forma de homenagear os aniversariantes de cada uma das datas, incluindo o 29 de fevereiro.
Com mais de duas dezenas de discos gravados ao longo de sua carreira, o “bruxo dos sons” como é conhecido, teve suas obras executadas por inúmeras orquestras sinfônicas do Brasil e do exterior, como a Orquestra de Copenhague, na Dinamarca.
Também se apresentou com a Big Band de Londres em 2004 em diversas oportunidades.
O músico recebeu prêmios como o Prêmio Ary Barroso (1996), o APCA, na categoria de Melhor Solista de Música Popular (1973), o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa (2019) e a Ordem do Mérito Cultural (2004).
O compositor recebeu ainda e o título de Doutor Honoris causa das universidades de New England Conservatory, de Boston (2017) e da Universidade Federal da Paraíba (2019).
Como reconhecimento ao seu talento e à sua contribuição à cultura, o Festival de Música Contemporânea Brasileira (FMCB) homenageou Hermeto Pascoal, em sua quarta edição, realizada em 2017.
Fontes
G1
Música Brasilis
O Estado de São Paulo
Revista Continente
Revista Uai
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