As tramas sonoras de Liduino Pitombeira

Compositor cearense é um dos homenageados da sétima edição do FMCB.

Nascido na cidade de Russas, região do Baixo Jaguaribe, no estado do Ceará, Liduino Pitombeira é um dos compositores mais prolíficos do país. Em sua trajetória profissional se viu dividido entre as ondas eletromagnéticas e as ondas sonoras. Isso porque, antes de se firmar como professor e compositor, Liduino trabalhava como técnico na companhia energética do Estado. 

 

Sua proximidade com a música, no entanto, veio muito antes de sua educação formal e da graduação em música na Universidade Estadual do Ceará. Seu primeiro instrumento foi o violão, logo, passou a integrar o grupo de música da Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário, em sua cidade natal.

Anos mais tarde, quando começou a cursar Eletrotécnica, Liduino Pitombeira não conseguiu abandonar a música. Criou o grupo Inhamuns na Escola Técnica e também integrou a Banda Officina. Buscou aprofundar seu conhecimento em harmonia, estudando com a professora Vanda Ribeiro Costa. Posteriormente, se aproximou da área composicional estudando com o pianista e professor José Alberto Kaplan.

Em 1986 participou da criação do grupo Syntagma, que tem como proposta se debruçar sobre sonoridades antigas como a medieval e a barroca, buscando uma aproximação com os ritmos nordestinos contemporâneos. Em entrevista para o diário O Povo, Liduino Pitombeira afirma: “Foi para o Syntagma, inclusive, que escrevi o que hoje considero meu Opus 1, Fantasia sobre a Muié Rendêra, obra dedicada à minha esposa, a cravista do grupo naquela época, Maria Di Cavalcanti (Duda)”.

A cultura popular das pequenas cidades do interior do Ceará é um misto de cultura urbana, com diversas influências externas e a cultura do sertão.

Liduino Pitombeira

Compositor

A partir das tramas da mulher rendeira, Liduino Pitombeira foi desenvolvendo uma forma bastante particular de compor e de traduzir paisagens em melodias. Em 1998 ele deixa o emprego como técnico na companhia de luz e se muda para os Estados Unidos para cursar mestrado e doutorado na universidade da Louisiana. 


A distância geográfica com o país de origem, talvez, tenha servido de propulsora criativa para que o músico compusesse uma série de obras que tomam o Brasil como inspiração: Zumbi dos Palmares, Sinfonia dos 500 Anos, Sertão Central e a série Brazilian Landscapes, onde cita três importantes músicos nacionais: Egberto Gismonti, Antônio Calado e Camargo Guarnieri.

Atualmente o músico é professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro da Academia Brasileira de Música (ABM), onde ocupa a cadeira número 28, cujo patrono é Ernesto Nazareth. Suas obras integram programas de grupos no Brasil e no exterior, como a Filarmônica de Berlim. 


De Russas para diferentes latitudes, sua música se propaga como a luz, sem abandonar os traços característicos dos ritmos brasileiros e nordestinos. Para Liduino Pitombeira “A cultura popular das pequenas cidades do interior do Ceará é um misto de cultura urbana, com diversas influências externas, e a cultura do sertão”.Esta multiplicidade de influências e sons é parte integrante da linguagem musical do compositor.